Muitos filósofos e escritores acreditam que cada pessoa tem liberdade para decidir que género de pessoa quer ser.
Esta escola foi sem dúvida um agente condutor importantíssimo da minha personalidade, o tempo de exaltar aquilo que sou.
Os anos passavam e o fracasso escolar era um triste fardo inerente em mim como que se uma inércia de insegurança me impedisse de alterar este rumo, porque insucesso atrás de insucesso acaba, inconscientemente, por nos tornar num caso perdido de insucesso e acabamos por nos acomodar a esse resultado.
Esta escola presenteou-me com professores fantásticos, através de discursos e de aulas eloquentes que proporcionaram ao meu “eu” íntimo a necessidade urgente de sair deste registo. Proporcionaram-me a confiança.
Aos poucos, com muita força de vontade, os fracassos transformaram-se em sucessos e a vontade de saber mais intensificou-se.
Agora, talvez, entenda o significado desta filosofia, que com os estímulos certos e muita força de vontade podemos ser aquilo que desejamos ser e tudo isto o devo à minha escola, em particular a professores que incondicionalmente me apoiaram não só com palavras amigas, mas também com um sorriso no meio da multidão, assistindo a atividades lúdicas, tirando parte do seu tempo pessoal para nos apoiarem.
E nesse sentido a escola foi muito importante para mim .

Constança Robles Miranda, 12F
A mudança… A mudança assusta-me, é um barco cheio de âncoras que só param no terror, no medo, em tempestades… Vejo sempre a mudança como um trovão mais luminoso que a própria luz, mais assustador que o próprio som, que o próprio susto… Mas será sempre assim? Não sei, muito provavelmente sim.
Sou criança, adolescente, adulto… O que será que sou? Muitas vezes um adolescente com espírito de criança, outras um adolescente com a consciência de um adulto. Enfim vejo-me como uma miscelânea destas três fases da vida de um ser humano, creio que o vou ser sempre, aliás espero que o seja, é como viver o presente com comportamentos do passado e ao mesmo tempo ter consciência do futuro. Desta forma, os mares podem passar, a água desses mares pode mudar, tal como no percurso de vida de um ser humano em que o tempo pode passar e também ele mudar mas permanece sempre algo, o medo, o medo da mudança. Este medo é aplicável em várias circunstâncias mas houve uma em particular em que o barco se fixou e a âncora permaneceu mais tempo na água… O medo da mudança para o secundário, o medo do primeiro dia de escola.
A mudança para o secundário em que deixava de ser uma criança, um saltitão com sonhos e viria a iniciar aquilo que me daria a entrada para a faculdade, o início de um futuro, a mudança em busca de um futuro que me daria a felicidade… A mudança em que deixava as canetas coloridas e estas davam lugar apenas às canetas azul e preta, a mudança em que deixavam as professoras de mudar de salas e passaria a ser eu, a mudança em que estava eu por mim, em que só eu era capaz de construir o futuro, porque afinal de contas ele era para mim, a mudança em que só o meu empenho daria frutos, sem ele nada teria, a mudança de uma pressão a crescer exponencialmente… A mudança da minha vida. Mas afinal de contas, esse barco conseguiu ou não seguir viagem?
A viagem custou, mas está em exercício. O primeiro dia foi o recuar de uma dezena de anos em que se eu queria, tentava e conseguia, se não queria, nem experimentava. Mas sou teimoso, sempre fui, desistir? Nunca. Fui em frente, enfrentei o trovão, quis provar que eu tinha mais luz, que eu gritava mais alto. Aquele saltitão com sonhos deu lugar a uma espécie de três mosqueteiros num só, três fases da vida numa só, ultrapassara então o medo, a mudança. O medo de estar isolado, sozinho submeteu-se à criação de novas amizades, o medo da escola secundária com um tamanho quatro vezes maior à minha escola antiga, submeteu-se a “conhecer os cantos à casa”, e até o medo dos professores exigentes submeteu-se ao ouvir os ensinamentos dos mesmos que me trarão frutos e, acredito, que mudar-me-ão a vida.
            Enfim, o que comecei por dizer foi enfrentado, a mudança, o medo fora enfrentado, o barco está em viagem por mais um ano, o último, espero. As âncoras agora são impulsionadoras da viagem em vez de obstáculos. A meteorologia mudou… A tempestade deu lugar a céu limpo e o ódio pela mudança, deu lugar à ânsia de enfrentar novas mudanças e agora o que reina sobre a mudança na minha cabeça é que o progresso sem mudança, não muda nada.

                                                                                                                     Diogo Escaleira, nº11 12E
Este vídeo foi feito pela professora Irene Fonseca nos 25 anos da ESLAV. Alguns dos professores e funcionários já não estão na escola mas fazem parte da sua história.

Com o objetivo de conhecer o percurso de vida de um ex aluno da Espjal, entrevistámos a Maria João Silva, de 45 anos que frequentou esta escola e atualmente faz parte da Associação de Antigos Alunos. A Maria João é casada e tem dois filhos, um dos quais frequenta a escola no 7ºano. Tem como passatempos andar de bicicleta, caminhar, cozinhar, fazer bijutarias e jardinar durante os fins de semana.  A entrevista decorreu num final de tarde no pavilhão do polivalente aproveitando a presença da Maria João na escola para organizar uma actividade lúdica para crianças." e o título é "Memórias da Escola" - espaço de encontro entre antigos e novos alunos.


- Entre que anos frequentou a escola?
- Andei na escola desde o 7º até ao 11º ano, de 1982 a 1986. Na altura a escola não tinha 12º ano, tínhamos que faze-lo na escola de Algés.

- Qual foi a área que escolheu quando entrou no secundário?
- Escolhi a área de Saúde.

- Qual o curso que frequentou?
- Frequentei o curso de Engenharia Geográfica.

- O que faz agora foi o que idealizou quando estava nesta escola?
- Não, de todo. Eu queria ser professora de Educação física mas acabei por seguir Engenharia Geográfica.

- O que mais gostou e o que menos gostou enquanto aluna da escola de Linda-a-Velha?
- O que mais gostei foi do convívio com os amigos, grande parte das minhas amizades foram feitas aqui na escola. O ambiente era muito bom. Antigamente, a escola tinha muito mais alunos.
Não desgostei de nada, tirando alguns professores chatos. O ambiente da escola era agradável.

- Quais eram os espaços exteriores mais frequentados enquanto turma?
- Nós encontrávamo-nos sempre em frente ao pavilhão D, junto ao banco.

- Frequentava a cantina?
- Muito pouco, lembro me que normalmente ia comer a casa. Acho que a comida também não era tão boa como é agora, pelo que me disseram.

- Participava nas atividades propostas extra curriculares?
- Na altura não havia o desporto escolar como há hoje em dia. Só participava quando havia torneios relacionados com a ginástica pois era o desporto que praticava nessa altura.

- O que a marcou mais pela positiva e pela negativa nesta escola?
- Pela negativa não tenho nada a apontar. Pela positiva principalmente as amizades feitas aqui.

- Ainda se relaciona com os antigos colegas?
- As amizades feitas na escola perduraram e foram reforçadas com a criação da associação.

- Passados estes anos quais são as diferenças entre antes e agora?
- Acho que a escola está igualzinha, infelizmente. Noto que antigamente quando saíamos dos intervalos vinham todos a correr para jogar ping-pong, porque havia muitas mesas e agora já não. E a primeira coisa que a associação ofereceu à escola foi uma mesa para jogarem. Mas de resto está tudo igual.

- Concorda com a mudança de nome de ESLAV, para ESPJAL?
- Concordo, concordo. O professor Lucas foi uma pessoa que marcou a escola e que foi muito importante. Era uma pessoa que se preocupava com a escola e com os alunos. A criação da associação deve-se a ele, foi ele que pediu e que sugeriu a uns colegas meus a criação de uma associação para ajudar a escola e os alunos carenciados. Entretanto quando faleceu, em sua memória, os colegas reuniram-se e decidiram seguir com este projeto

- O que é que hoje a escola representa para si?
- Agora é um projeto de voluntariado que eu faço e tenho todo o gosto em participar e ajudar.

- Qual o cargo que exerce na associação?
- Estou na Assembleia Geral.

- Esteve na fundação da associação de antigos alunos? Quando se fundou?
- Sim, estive. A associação fundou-se há 6 anos: a 19 de maio de 2009.

- Quais foram os projetos mais importantes?
- O maior e mais importante evento que temos é a festa anual em maio. Ao longo do ano há feiras mas o objetivo principal é angariar fundos para oferecer à escola o que necessita. O ano passado, restaurámos as casas de banho do pavilhão A. Há dois anos, a pedido das professoras de ciências, oferecemos microscópios. Estes estavam muito velhos, eram da nossa altura. Também oferecemos os quadros do pavilhão D, em que metade já não escreviam. Ainda há muitas salas assim, mas não conseguimos pagar tudo. Angariámos ainda bastante dinheiro para a reconstrução do anfiteatro

- Qual o objetivo desta associação?
- O objetivo da associação é realizar eventos para angariação de fundos com o objetivo de munir a escola das carências que vai necessitando ao longo do tempo.

Entrevista realizada por Madalena Catalão e por Carolina Beckert, no dia 13 de Março de 2015

A Maravilhosa e dedicada Dona Alice, por Lourenço Viana 9ºB
É casada?
Sim casei com o Sr.Zé Pedro (funcionário da escola). Conhecemo-nos aqui (na escola). Era muito vistosa quando era nova. Antes de estarmos juntos o Zé Pedro dizia ”Hei de engatar a cozinheira nem que seja para comer uma perna de frango.”

Têm filhos?
Sim, tenho dois filhos.

Têm netos?
Não, mas espero ter.

O que queria ser quando era pequena?
Queria ser enfermeira!

Quanto tempo fez este trabalho?
Trabalhei durante 34 anos.

Quantas pessoas havia na cozinha?
Havia 6 pessoas na cozinha .

A que horas tinha de vir trabalhar para conseguir cumprir os horários e estar tudo pronto à hora de almoço?
Acordava todas as manhãs às 6:50h para estar na escola das 8:00h às 16:00h. No entanto, só saía às 19:00h.

Quantos alunos comiam na cantina quando a escola abriu? E agora?
Quando a escola abriu tinha aproximadamente 3000 alunos indo apenas ao refeitório entre 210 a 220 estudantes. Com o esforço e  dedicação, eu e a minha equipa conseguimos criar refeições compostas , equilibradas, higiénicas e desinfetadas.   Agora aproximadamente 1000 alunos da escola, a maioria, vai ao refeitório.

Qual a comida que lhe dava mais trabalho a fazer?
A comida que me dava mais trabalho a fazer era salsichas enroladas em couves.

Como era o ambiente na cozinha?
Havia muita alegria, contavam anedotas, riam muito, cantavam, faziam música com os tachos e os talheres, faziam partidas (trocaram a água por vinagre)...

Quem dava as ideias?
Às vezes era eu.

Quem impunha a ordem e orientava as tarefas?
Era eu que orientava a cozinha (organiza as pessoas, dividia as tarefas e certificava-me de que tudo era feito a tempo) era também eu que preenchia o mapa das entregas dos produtos.

Teve de alterar a sua maneira de cozinhar ao longo do tempo?
Ao longo do tempo a minha maneira de cozinhar foi-se alterando e adaptando às necessidades dos alunos.Com o tempo eu e a equipa fomos aprendendo a fazer refeições compostas e equilibradas, completas e com o máximo de qualidade. Mais vale a qualidade que a quantidade.

Em algum momento houve alterações na disposição da cozinha? Se houve essa necessidade…
Ao longo do tempo a cozinha foi “evoluíndo”, ganhando mais eletrodomésticos, maior qualidade e maior capacidade para conseguir fazer as refeições. Comprámos uma máquina para picar carne, evitando assim a possibilidade de ser adulterada…

Quem era o professor Lucas?
Deu nome à escola, brincalhão, divertido, bem-disposto e alegre, o professor Lucas era dedicado à escola 100% .Telefonou-me um mês antes de morrer para despedir-se. Quando morreu, houve uma enorme homenagem com milhares de alunos, amigos e familiares com mensagens e flores a homenagear a grande pessoa que foi.

Como era a escola antigamente?
No início a escola tinha apenas alguns pavilhões em Algés e algumas secções atrás do Aquárius de Linda-a-Velha. Foi depois construída a atual escola.
Antes havia carências económicas, alimentares, afetivas. Havia uma grande instabilidade por parte dos alunos, a escola era muito vandalizada (alguns alunos saltavam o muro para irem tomar banho no lago, pegavam fogo às cortinas...etc...)

Como é que a escola resistiu às empresas de confeção de comida?
A escola resistiu às empresas de confeção de comida porque a cozinha da escola, para além de ter as condições necessárias, a história e o espírito, não causava prejuízo.

Qual era melhor coisa do seu trabalho?
A melhor coisa do meu trabalho era a interação com os alunos e poder trabalhar com a minha equipa fantástica.

Os alunos gostam muito de si. Porque acha que isto acontece?
(Ri)  É por ser alegre e defender sempre os alunos..

Foi feliz na sua vida de trabalho? Gostou do que fez?
Muito, era uma alegria vir trabalhar todos os dias, gostava do que fazia.

 D. Alice, por Inês Chagas, 9ºB


A dona Alice diz que o agrupamento estragou a escola porque fez com que muitos funcionários antigos, que criaram laços com os alunos, se fossem embora e, para alem disso, fez com que os funcionários ficassem menos tempo nas escolas;
A ementa era feita semanalmente e a pensar nos alunos;
Diz que saiu da escola com muita mágoa;
Casou-se com o funcionário mais antigo da escola, o senhor Pedro, tem dois filhos e um deles já se casou. Trabalhou na escola 34 anos e 6 meses;
 Nasceu na Régua em Trás-os-Montes e quando era pequena queria ser enfermeira;
Começou por ser empregada doméstica por isso desde cedo que teve contacto com a cozinha.
Entrou na escola com 26 anos e ficou muito espantada e confusa ao ver aquelas panelas e tachos enormes e ao ver que tinha que cozinhar para mais ou menos 200 pessoas. Nos primeiros tempos fez algumas asneiras como deixar o arroz empapado. Mas foi isso que, juntamente com muito amor, paixão, dedicação e a sua equipa fez com que conseguisse transformar o refeitório naquilo que é hoje.
O diretor de que mais gostou foi o professor Lucas, que se dedicava a 100 por cento à escola. Esta era a sua casa e ficava até mais tarde a tomar conta e a cortar/aparar os jardins. Era vaidoso, tinha estilo, usava roupas rebeldes e era bem-parecido. Infelizmente morreu de cancro e um mês antes de morrer telefonou à D. Alice para lhe agradecer. Quando morreu, a carrinha funerária passou diante da escola e parou. Estavam centenas de ex alunos, funcionários e professores a fazer uma marcha em honra do professor e encheram as redes da escola com cartões com mensagens e flores, e foi em honra dele que a escola secundária de Linda-a-Velha passou a chamar-se escola professor José Augusto Lucas;
A D. Alice tinha de se levantar às 6 da manhã para cumprir o seu horário que ia das 8 da manhã até às 4 da tarde. Era ela que era responsável por fazer as encomendas, dar as entradas e calcular os gastos no final;
A D. Cidália, que entrou ao mesmo tempo que a D. Alice, ainda se mantém no refeitório e por isso está a substitui-la;
A D. Alice gostava muito do que fazia, mas devido às horas que permanecia em pé, os ossos começavam a doer. Então desde cedo que começou a ir à fisioterapia. Agora que saiu, ainda se mantém ativa com encomendas e com a fisioterapia mas sente imensas saudades dos alunos;
Desde sempre que a D. Alice não gostava de ver os alunos a comerem no bar, então foi cada vez melhorando a ementa e a comida ao longo do tempo até que desde há alguns anos a maioria dos alunos da escola almoçam ao refeitório;
A D. Elvira era o seu braço direito, tinha imenso cuidado com a parte higiénica da confeção dos alimentos e era muito divertida, o ambiente na cozinha era alegre e divertido e pela altura do carnaval faziam partidas como, por exemplo, pôr vinagre na garrafa de água da D. Alice, pôr uma barata na salada, etc…;
A refeição que mais lhe dava trabalho a fazer era as salsichas enroladas em couve lombarda.